As falhas e Gestão de Riscos

As falhas e Gestão de Riscos

12/05/2020 0 Por Nino Ricardo de Menezes Meireles, CPSI, CIPP, DIDS, CIGR

Uma situação de falha ocorre quando um componente (homem ou equipamento) de um sistema executa uma função de forma inadequada ou deixa de executá-la. As falhas são fatores de risco e na quase totalidade dos casos, os eventos ocorrem devido a algum tipo de falha. Grande parte da gestão de riscos consiste em identificar possibilidades de falha e adotar medidas para minimizá-las, reduzindo a probabilidade e ou o impacto.

A análise das falhas consiste em identificar: o modo e o tipo da falha; os agentes promotores e inibidores; a fase do ciclo de vida do componente ou o sistema em que a falha ocorreu e a fase geradora.

Modos

Um componente pode falhar de cinco maneiras: omissão, missão, ato estranho, seqüencial e temporal. A falha de omissão ocorre quando o componente não executa ou executa parcialmente uma função. Tanto o meio humano quanto os meios técnicos (ativo e passivo) são passíveis deste tipo de falha. Em relação ao meio humano, o subsistema de normas e procedimentos e o treinamento contribuem para minimizar.  Já em relação aos meios técnicos, o que minimizará é o planejamento tático e técnico.

A falha é na missão quando o componente executa incorretamente uma função. Esta falha é minimizada com a gestão eficiente e eficaz do meio humano. Já a falha por ato estranho ocorre quando o componente executa uma função que não deveria ter sido executada.

O quarto modo, falha seqüencial, ocorre quando o componente executa uma função fora da seqüência correta. Enquanto que na falha temporal, o componente executa uma função fora do momento correto. Nestes dois últimos modos, o planejamento (tático, técnico e operacional) e a gestão eficiente e eficaz do meio humano são capazes de minimizar.

Falha do meio humano

No conjunto das falhas, a falha do meio humano está em destaque. Classifica-se este tipo de falha em: técnica, descuido e consciente. A falha será técnica quando cometida por falta de meios adequados para exercer a função. Os recursos inexistem ou são inadequados ou a relação homem-sistema (ergonomia) não é adequada. O ser humano falha porque não sabe ou não pode fazer da maneira correta.

A falha é por descuido (inadvertência ou inconsciente) quando decorre da incapacidade dos mecanismos inconscientes e automáticos em controlar ações da pessoa. O ser humano tem todos os recursos e atua corretamente em grande número de vezes, mas esporadicamente ele falha. As características básicas são: esporádica e baixa probabilidade.

As falhas por descuido são ampliadas pela desatenção inerente às situações de baixa tensão, bem como pela confusão das situações de alta tensão. Não podemos esquecer que o ser humano tem dificuldade em manter a atenção continua por longos períodos, logo quanto mais o sistema depender dessa atenção para operar com segurança, maior a probabilidade de falhas (exemplo: operador de central de monitoramento de imagens). Nas condições de rotina duas situações concorrem para deteriorar a atenção: monitoramento continuo e tarefas repetitivas.

Falha consciente é a falha provocada pela adoção de procedimentos alternativos que envolvem maiores riscos que o procedimento padrão. Diante da possibilidade de optar entre dois procedimentos, o ser humano entra em conflito e a decisão dependerá do balanço das forças que atuam no sentido do padrão e do alternativo.

Falha de equipamento

Existem três tipos de falha: T, D e C. A falha T ocorre quando o equipamento não é capaz de exercer a missão requerida. Pode ocorrer nos seguintes casos: equipamento não está projetado para a função; as condições de trabalho são diferentes das de projeto e equipamento está em um estado falho.

Na falha tipo D, o equipamento tem capacidade para exercer a função e a exerce bem na maior parte do tempo, mas falha esporadicamente. Pode ocorrer nos seguintes casos: equipamento tem componentes cujas falhas não se manifestam de forma permanente e alguma condição de trabalho varia de forma esporádica.

Na falha C o equipamento tem capacidade para exercer a função, mas sistematicamente exerce de modo falho. São falhas C as decorrentes de ajustes incorretos de sistemas de comando.

Agentes promotores

Qualquer falha da pessoa ou de equipamento é promovida por agentes promotores. Existem quatro agentes: primário, secundário, comando e intruso. A falha primária é a que ocorre no ambiente e sob carga para as quais o componente é qualificado. Geralmente são provocadas por projeto, fabricação ou construção, envelhecimento ou falha de manutenção. A falha primaria do ser humano ocorre quando ele é ou se torna incapaz de desempenhar a função de projeto sob condições de projeto.

A falha promovida por agente secundário é a que ocorre em um ambiente e sob carga para a qual o componente não é qualificado. O ser humano comete este tipo de falha quando trabalha sob condições adversas, como layout inadequado, calor, ruído, horas extras e tensões psicológicas externas.

Falha promovida por agente comando é a que ocorre quando o componente atua incorretamente obedecendo a algum elemento do sistema. O ser humano comete este tipo de falha sob comando de superiores, procedimentos e cultura. A falha por comando é promovida por uma informação.

Muitas vezes o ser humano atua como intruso e provoca falha no sistema, podendo, inclusive, desativar dispositivos dos quais depende o controle ou a proteção. Podemos considerar agente intruso tudo que for estranho ao sistema ou ambiente normal.

Sucesso.
Prof. Dr. Nino Meireles (CPSI, CIPP, DIDS)

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