Operações psicológicas e OSINT no combate ao crime organizado

Operações psicológicas e OSINT no combate ao crime organizado

22/10/2023 0 Por Bernardo Guerra Lobão

No sistema complexo em que a vida do cidadão é exposta nas redes, e sistemas abertos de dados, a vulnerabilidade deste sistema é sempre questionada, e por isso as ciências são sempre atualizadas de forma dinâmica, não só na tecnologia e operacionalidade, dinamizando para respostas imediatas, como trazendo novos doutrinadores para atualizar e dar segurança jurídica aos usuários.

Existe uma simbiose entre as operações que inflamam o cenário de terrorismo cibernético, e estão interligadas, desde cenários complexos de instabilidade e assimetria como as fontes governamentais que atuam diretamente mantendo a estabilidade sistêmica. Dentre estes destaques:

  • As operações psicológicas (psyops) são ações planejadas para influenciar as atitudes e comportamentos de públicos-alvo, usando meios de comunicação e persuasão. Elas podem ser usadas para fins militares, políticos, ideológicos ou comerciais. As psyops podem explorar as vulnerabilidades psicológicas, sociais ou culturais dos indivíduos ou grupos, criando medo, confusão, desinformação, polarização ou radicalização. Criam um cenário de desinformação e propaganda para influenciar o pensamento e o comportamento de um adversário. Isso pode ser feito por meio de ataques cibernéticos, mídia social ou até mesmo campanhas de e-mail mal sucedidas.
  • Os crimes cibernéticos são atividades ilícitas que envolvem o uso de computadores, redes ou dispositivos conectados à internet, como meio ou fim. Eles podem causar danos materiais ou morais às vítimas, violando seus direitos, privacidade ou segurança. Os crimes cibernéticos podem incluir fraudes, roubos, extorsões, sabotagens, espionagens, ataques, invasões, sequestros de dados, entre outros. Operações usadas para roubar dados, danificar sistemas ou causar caos. Esses ataques podem ser usados para apoiar operações psicológicas ou para atingir objetivos financeiros.
  • A inteligência de fontes abertas (OSINT) é a coleta, análise e disseminação de informações obtidas a partir de fontes públicas, como mídias sociais, sites, fóruns, mapas, imagens de satélite, etc. A OSINT pode ser usada para fins legítimos ou ilegítimos, dependendo da intenção e da ética dos agentes envolvidos. A OSINT pode auxiliar na tomada de decisão, na prevenção e no combate a ameaças, na proteção de dados e na defesa de interesses, coleta de informações sobre um alvo, como sua infraestrutura de TI, redes sociais e operações. Essas informações podem ser usadas para planejar e executar ataques cibernéticos ou operações psicológicas.
  • O crime organizado é a atividade criminosa realizada por grupos estruturados e hierarquizados que visam obter lucro ou poder por meio da violação da lei. O crime organizado pode atuar em diversos setores ilícitos ou lícitos da economia, como tráfico de drogas, armas, pessoas, contrabando, lavagem de dinheiro, corrupção, extorsão, etc. O crime organizado pode ameaçar a estabilidade e a governança dos Estados, bem como os direitos humanos e o desenvolvimento social, se ligando diretamente com operações psicológicas, faz-se uso de crimes cibernéticos e utilização de fontes abertas, para atingir seus objetivos.

A relação entre esses fenômenos pode ser explicada da seguinte forma:

  • As psyops podem ser usadas pelos criminosos cibernéticos para enganar ou manipular suas vítimas, fazendo-as revelar informações pessoais ou financeiras, clicar em links maliciosos ou baixar arquivos infectados. As psyops também podem ser usadas pelos grupos do crime organizado para intimidar ou cooptar autoridades, funcionários, testemunhas ou concorrentes, bem como para influenciar a opinião pública ou política em seu favor.
  • Os crimes cibernéticos podem ser praticados pelos grupos do crime organizado como uma forma de diversificar suas fontes de renda ilícita ou de facilitar suas operações criminais tradicionais. Por exemplo, os criminosos podem usar a internet para a venda de drogas ou armas na deep web ou na dark web; roubo de dados bancários ou cartões de crédito; lavagem de dinheiro por meio de criptomoedas; hackeando sistemas de segurança ou comunicação; para espionar alvos estratégicos; etc.
  • A OSINT pode ser usada tanto pelos criminosos cibernéticos quanto pelos grupos do crime organizado para obter informações sobre seus alvos potenciais ou reais; para identificar vulnerabilidades em seus sistemas ou dispositivos; para planejar ataques eficazes; para monitorar as atividades das autoridades ou dos concorrentes; etc. A OSINT também pode ser usada pelas vítimas ou pelos responsáveis pela segurança para se protegerem das ameaças cibernéticas ou criminais; para identificar os autores dos ataques; para verificar a veracidade das informações; para tomar medidas preventivas ou corretivas; etc.

A segurança contra essas ameaças pode ser obtida por meio de uma combinação de medidas, incluindo:

  • Educação e conscientização: as pessoas precisam ser informadas sobre os riscos dessas ameaças para que possam se proteger.
  • Tecnologia: existem ferramentas e softwares que podem ajudar a proteger contra ataques cibernéticos e operações psicológicas.
  • Legislação: leis e regulamentos podem ajudar a deter o crime organizado e o uso de OSINT para fins criminosos.

Aqui estão algumas medidas específicas que podem ser tomadas para melhorar a segurança contra essas ameaças:

  • As organizações devem implementar políticas e procedimentos de segurança cibernética fortes.
  • Os indivíduos devem ser cautelosos ao compartilhar informações pessoais online.
  • Os governos devem trabalhar juntos para coordenar a resposta a ameaças cibernéticas e psicológicas.

A segurança contra esses fenômenos interrelacionados requer uma abordagem integrada e multidisciplinar, que envolva a cooperação entre os setores público e privado, a sociedade civil, a academia e a comunidade internacional. Algumas medidas possíveis são:

  • Fortalecimento do marco legal e regulatório para prevenir, reprimir e punir os crimes cibernéticos e o crime organizado, respeitando os direitos humanos e as liberdades fundamentais.
  • Desenvolvimento de capacidades técnicas, operacionais e humanas para a investigação, a inteligência, a perícia e a resposta aos incidentes cibernéticos ou criminais, usando as melhores práticas e tecnologias disponíveis.
  • Promoção da conscientização, educação e capacitação dos usuários, dos provedores de serviços, dos gestores de dados e dos responsáveis pela segurança sobre os riscos, as ameaças e as medidas de proteção no ambiente cibernético.
  • Estabelecimento dos mecanismos de coordenação, de colaboração e de troca de informações entre os órgãos e entidades competentes, em nível nacional e internacional, para enfrentar os desafios da segurança cibernética e do crime organizado.
  • Apoio às pesquisas, à inovação e o desenvolvimento de soluções tecnológicas que contribuam para a segurança cibernética e para o combate ao crime organizado, respeitando os princípios éticos e os valores democráticos.

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