A Transformação das Forças de Segurança no Gerenciamento de Crises: Uma Nova Abordagem
04/10/2024A Imagem do Negociador: Origens e Evolução
Do grego “krisis”, tem-se como significado decisão. Do latim “crísis”, momento de decisão; de mudança súbita. Portanto, crise é o momento pós ruptura, de infixidez, com um cenário de futuro incerto.
Dentro da temática que abarca o gerenciamento de riscos e crises, há a imagem do Negociador. A figura do negociador nasceu na doutrina americana, a partir dos anos 60, chegando ao Brasil em meados da década de 80 através do Departamento de Polícia Federal. Onde, a partir de então, as forças de segurança pública iniciaram o abandono da forma casuística e adotaram os preceitos para o gerenciamento de crises.
Sobre o evento crítico, os causadores foram divididos basicamente em três categorias: criminosos, terroristas e mentalmente perturbados. Neste último, podemos abrir subgrupos que envolvem: personalidade desajustada ou dependente, personalidades antissociais (psicopatas), depressivos e tentantes (suicidas).
O Surgimento da Figura do Abordador: A Necessidade de Novas Técnicas
Com o tempo, devido às especificidades de cenário, os bombeiros militares tiveram por atuação as ocorrências com envolto em perturbados mentais, sendo principalmente depressivos e tentantes. De 2005 para cá, o então à época Major BM Diógenes Munhoz sentiu a necessidade de aperfeiçoamento das técnicas de abordagem com ações não invasivas, dando origem à figura do Abordador.
Aquele que se empenha a resolver as dificuldades, resolve-as antes que elas surjam. Aquele que se ultrapassa a vencer os inimigos, triunfa antes que as suas ameaças se concretizem. (Sun Tzu)
A responsabilidade das ações de negociação/abordagem técnica é de exclusividade dos órgãos de segurança pública. Mas, trago-lhes uma observação: dentro da esfera do gerenciamento de crises, há a existência do Primeiro Interventor da Crise (PIC).
O primeiro interventor foi um conceito criado em 2005 por Marco Antônio da Silva, oficial da Polícia Militar do Paraná, devido à grande demanda que, naquela época, a Companhia de Polícia do Choque estava recebendo para atender ocorrências de riscos e crises (SILVA, 2015). Nesse sentido, Marco Antônio, por meio de estudos e por sua experiência, criou a doutrina PIC para que o policial que tivesse o primeiro contato com a crise estivesse em condições de agir de forma técnica, a fim de não aumentar o nível de gravidade da situação até a chegada da Equipe de Gerenciamento de Crises.
O Papel Complementar do Setor de Segurança no Gerenciamento de Crises
A Organização Mundial de Saúde cita o conceito dos “guardiões”, ou gatekeepers, que seriam profissionais da atenção primária, tendo como exemplo os profissionais de saúde mental, da emergência, da assistência social, da educação, policiais, líderes comunitários e líderes religiosos. Ou seja, profissionais que podem agir de forma estratégica nestes cenários.
Ao setor de segurança privada, como força complementar à segurança pública, nos compete possuirmos conhecimentos de base para a estabilização de cenários como este, afinal, “ninguém está imune à ocorrência de uma crise em sua área de atuação e tampouco pode prever quando determinado evento ocorrerá” (Silva 2015, p. 33).
Em lembrança à literalidade de Sun Tzu, devemo-nos manter na garantia da inexpugnabilidade de nossa posição para a resolução quanto as eventualidades.
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