As 10 cidades médias mais violentas do Brasil: veja o ranking e os motivos

As 10 cidades médias mais violentas do Brasil: veja o ranking e os motivos

06/04/2025 0 Por Redação

Quando se fala em violência urbana no Brasil, o foco geralmente recai sobre as grandes capitais — Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife. No entanto, um fenômeno silencioso e preocupante tem avançado pelo interior do país: o aumento expressivo da criminalidade em cidades de médio porte, aquelas com população entre 50 mil e 100 mil habitantes.

Esses municípios, muitas vezes esquecidos pelas políticas públicas e fora do radar da imprensa nacional, estão vivendo um cenário alarmante. Com infraestrutura de segurança limitada e crescente influência de facções criminosas, eles registraram altas taxas de homicídios, feminicídios e outras formas de violência em 2023.

Neste artigo, você vai conhecer as 10 cidades médias mais violentas do Brasil, de acordo com os dados mais recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024. Além do ranking, vamos analisar os fatores que contribuem para esse cenário e por que o debate sobre segurança pública precisa ir muito além dos grandes centros urbanos.

Se você quer entender onde e por que a violência está crescendo longe dos holofotes, continue lendo.

Leia também: As 10 capitais mais violentas do Brasil: Dados, Causas e Estratégias para a Transformação

O que está acontecendo nas cidades médias?

A interiorização da violência

Nos últimos anos, o Brasil tem vivido um fenômeno conhecido como interiorização da violência. Em vez de se concentrar apenas nas grandes capitais, os índices de criminalidade passaram a crescer com força nas cidades médias e pequenas. Esse deslocamento é resultado de diversos fatores, entre eles:

  • Expansão territorial das facções criminosas, que buscam novos mercados e rotas logísticas menos vigiadas;
  • Ausência do Estado, tanto na área da segurança pública quanto em políticas sociais;
  • Infraestrutura precária das forças de segurança em cidades médias, dificultando a prevenção e o enfrentamento ao crime.

Cidades médias: território estratégico para o crime

Cidades entre 50 e 100 mil habitantes são, muitas vezes, estrategicamente localizadas em rotas de tráfico de drogas, armas e contrabando. Ao mesmo tempo, têm menos efetivo policial, menos inteligência de segurança e menos visibilidade pública, o que as torna alvos fáceis para a atuação do crime organizado.

A realidade da violência fora das capitais

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, diversas cidades médias superaram capitais brasileiras em taxas de Mortes Violentas Intencionais (MVI). Em muitos casos, essas cidades têm indicadores de violência que ultrapassam os 70, 80 ou até 90 homicídios por 100 mil habitantes — patamares comparáveis aos de países em situação de conflito armado.

Isso acontece porque, nessas localidades, o impacto de cada crime é mais concentrado. Uma quantidade relativamente menor de assassinatos já eleva a taxa de forma significativa — o que, somado à repetição dos crimes ano após ano, consolida a imagem de cidade violenta.

O ranking das cidades médias mais violentas do Brasil em 2023

A seguir, apresentamos o ranking das 10 cidades médias mais violentas do Brasil em 2023, considerando apenas municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes e com base nas taxas de MVI (Mortes Violentas Intencionais) por 100 mil habitantes.

RankingCidadeEstadoTaxa de MVI (por 100 mil hab.)
1SantanaAP92,9
2CamaçariBA90,6
3JequiéBA84,4
4SorrisoMT77,7
5Simões FilhoBA75,9
6Feira de SantanaBA74,5
7JuazeiroBA74,4
8MaranguapeCE74,2
9MacapáAP71,3
10EunápolisBA70,4

Predominância da Bahia

Das 10 cidades mais violentas do país, 6 estão localizadas na Bahia. Isso revela uma crise grave e persistente de segurança pública no estado, não só nas capitais, mas também em cidades do interior e na região metropolitana de Salvador. Estão na lista:

  • Camaçari (2º lugar)
  • Jequié (3º)
  • Simões Filho (5º)
  • Feira de Santana (6º)
  • Juazeiro (7º)
  • Eunápolis (10º)

Essa concentração reforça o alerta sobre o avanço da violência na Bahia, causada principalmente pela disputa territorial entre facções criminosas.

O caso de Santana (AP) — a mais violenta do Brasil

Com uma taxa de 92,9 mortes por 100 mil habitantes, Santana, no Amapá, ocupa o 1º lugar do ranking. Isso a coloca entre as cidades mais violentas não só do Brasil, mas do mundo, superando índices de países em guerra civil.

cidades médias mais violentas do Brasil
Vista do Porto de Santana, com destaque ao Rio Amazonas

Santana é uma cidade portuária, próxima à capital Macapá, e tem se tornado um ponto estratégico para o tráfico fluvial e outras atividades ilícitas. A fragilidade das instituições locais, aliada à expansão de organizações criminosas e à falta de políticas públicas sociais, agravam o quadro.

Cidades fora do eixo Sul-Sudeste

Chama atenção o fato de que nenhuma cidade do Sul ou Sudeste aparece na lista. As 10 cidades mais violentas estão localizadas no:

  • Nordeste (Bahia e Ceará)
  • Norte (Amapá)
  • Centro-Oeste (Mato Grosso)

Essa distribuição reforça uma desigualdade regional na segurança pública, evidenciando que o Norte e o Nordeste são os mais afetados pela violência letal.

A escalada da violência em Sorriso (MT)

Sorriso, no Mato Grosso, aparece em 4º lugar, com 77,7 mortes por 100 mil habitantes. Conhecida pela produção agrícola e considerada uma cidade economicamente próspera, Sorriso surpreende ao figurar tão alto no ranking.

A explicação está na violência ligada ao narcotráfico, tráfico de armas e disputas locais de poder. A cidade está em uma rota estratégica entre o Norte e o Centro-Oeste, servindo de passagem para o escoamento de drogas e produtos ilegais.

Macapá também em destaque negativo

A capital do Amapá, Macapá (a capital mais violente do Brasil) figura no 9º lugar, com 71,3 por 100 mil habitantes. Isso confirma que a violência no estado não está restrita a Santana, e sim afeta todo o território amapaense. Além da presença do crime organizado, problemas estruturais graves (como falta de policiamento e desemprego alto) contribuem para os índices.

Indicadores em perspectiva

Para comparação, a média nacional de MVI no Brasil em 2023 foi de aproximadamente 23,3 por 100 mil habitantes. Ou seja, todas as cidades do top 10 apresentam índices três a quatro vezes maiores que a média nacional, o que as coloca em situação crítica.

A urgência de enxergar além das capitais

Os dados revelados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 mostram com clareza que a violência no Brasil não é um problema exclusivo das grandes capitais. Cidades médias e até municípios de interior estão enfrentando níveis alarmantes de criminalidade, muitas vezes maiores do que os registrados nos grandes centros urbanos.

A Bahia, em especial, se destaca negativamente no ranking, evidenciando que as políticas de segurança atuais têm sido insuficientes para conter o avanço do crime. Também chama atenção a situação do Amapá, onde tanto a capital Macapá quanto a cidade de Santana enfrentam taxas de violência altíssimas.

O que esses dados nos revelam é que não há mais espaço para negligência. É urgente repensar as estratégias de segurança pública, considerando a realidade de cidades que estão fora dos grandes holofotes, mas que enfrentam diariamente a ausência do Estado, serviços públicos precários e o avanço do crime organizado.

A violência no Brasil é um problema multifatorial — não existe uma única causa, tampouco uma solução simples. Trata-se de um fenômeno complexo, que vai muito além da repressão policial. No entanto, é fundamental reconhecer que o fortalecimento do aparato policial é uma peça indispensável nesse quebra-cabeça.

Investir em tecnologia, inteligência, investigação e qualificação das forças de segurança é essencial. O objetivo deve ser claro: tornar o mundo do crime cada vez mais caro, difícil e arriscado para quem escolhe atuar nele. Isso significa não apenas prender, mas antecipar, desarticular e sufocar o poder das organizações criminosas por meio de estratégias integradas e baseadas em dados.

A atividade de inteligência, por exemplo, deve estar no centro da política de segurança pública, permitindo ações mais eficazes, com foco na prevenção e na desarticulação das redes criminosas — especialmente nas cidades médias, que têm sido alvo preferencial dessas estruturas ilegais.

Mais do que estatísticas, cada número representa vidas interrompidas, famílias desestruturadas e comunidades em estado de medo constante. A violência é um fenômeno complexo, que exige respostas igualmente complexas: mais prevenção, presença do Estado, políticas sociais e inteligência no combate ao crime.

Enquanto esses territórios continuarem invisíveis para as autoridades, o ciclo da violência continuará se repetindo — agora longe das grandes manchetes, mas cada vez mais perto da realidade de milhões de brasileiros.

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