Desafios do caminho entre o Caos e a Ordem

Desafios do caminho entre o Caos e a Ordem

29/08/2019 0 Por Bernardo Guerra Lobão

Uma maneira de entender todo o cenário gerencial

Dee Hock, fundador e ex-CEO da Visa, formou uma das mais brilhantes teorias da administração, que transcendeu seu tempo. Chamado de caminho Caórdico, ou Chaordic Path, se caracteriza por uma maneira de entender todo o cenário gerencial, se baseando pelo que está dentro de cada um individualmente. Esta visão possibilita entender uma crescente complexidade no ambiente de trabalho, dando um padrão de aprendizagem coletiva e inovação, se baseando em tempo real para a prospecção de cenários que não são previsíveis e nem estáveis.

Dee Hock identifica estes padrões como um conjunto caótico de comportamento, ordenamento e controle que estavam num processo dinâmico, se baseando em novos comportamentos, influência da tecnologia, formando um processo que deveria experimentar ideias emergentes.

Nesta fase de incertezas, antes de alcançar a clareza, que existe a tentação de apressar ações que podem ser desastrosas ou agarrar-se ao controle total, buscando um dos dois extremos que podem ser fatais a existência do corpo.

Quando os cenários aparentam estar mais confusos, novas ideias surgem, formando pontes para novas ações, tornando-se aparentemente uma saída do caos natural que rege todo o princípio de comportamento. Por não ser estático, o sistema pode ser estável, sendo a ordem vigente uma base não linear de comportamento e novas ideias não consolidadas. A saída deste sistema aparece naturalmente como uma adaptação ao novo paradigma e o o ordenamento baseado nestas novas ideias, criando novos ciclos de vida e inovações.

Autores como Klaus Schulten descrevem que a ordem não é por si positiva e nem o caos por si negativo, depende de como o cérebro humano se adapta ao comportamento racional e o papel construtivo do coletivo.

Como nossa sociedade é um sistema dinâmico, crescente e interreferencial, as estruturas de ordenamento podem se perder, criando um novo comportamento, caótico, e ao adaptar-se a este novo paradigma, este comportamento se torna uma ordem vigente.

Enquanto o caminho Caórdico é a história do mundo natural, estes sistemas não-lineares, complexos e diversos, também poem fazer parte da história das organizações, que possuem um corpo que faz seu ciclo de vida útil, baseado em comportamentos, fatores externos, novas ideias inovadoras que podem gerir a vida de uma organização. As empresas buscam adaptar-se a nova ordem – novas demandas – e para se adaptar, buscam aderir a este novo cenário, podendo ser fatal para sua vida útil como competidora.

Segundo Dee Hock, a humanidade é Caórdica, porque tem a capacidade de se adaptar as necessidades. Seu modo de vida desde o início é um caminho para o mundo sustentável ao longo da história, evoluindo para uma complexidade cada vez maior. Os avanços científico-tecnológicos mudaram o curso da história em incontáveis e imprevisíveis maneiras. Esta realidade trouxe uma velocidade da mudança de paradigmas cada vez maior, e ainda com a disruptura digital, ocorreu um fastfoward nessas novas realidades. A mudança não é o que vai acontecer, mas a própria natureza em funcionamento.

A mudança não é o que vai acontecer, mas a própria natureza em funcionamento.

Os gerentes, gestores, líderes, foram educados para teorias muito estáticas, que por muitas vezes muitas vezes – com o aumento da complexidade – principalmente no que se refere ao comportamento e pensamento humano – não leva a uma resolução. A mais provável das soluções é acessar a inteligência coletiva e sabedoria, mesmo sendo um processo confuso no início, surgem ordenamento de ideias, alinhando-as para uma solução.

Este caminho é formado por estas percepções de complexidade – em diferentes níveis de entendimento – e a ordem surge através do caos e estabiliza-se contra ela mesma. Caso a inteligência e a cúpula estratégica não estejam aptas a lidar com novos paradigmas e dinamismo nas relações, está fadada e tomar decisões erradas. Para liderar uma organização, os líderes devem estar sempre caminhando entre o caos e a ordem, sendo estes dois os extremos, onde a ordem requer o total controle do comportamento, centralização de ideias, não aceitando novos paradigmas, e o caos, a desordem.

Para Dee hock liderança presume seguidores, e seguidores presumem escolhas próprias. Se estes seguidores forem coagidos aos propósitos, objetivos ou preferências da liderança, não é um seguidor, mas um objeto de manipulação. Uma liderança real não se orgulha de liderar, assim como um seguidor não pode estar atado a esta liderança.

Uma liderança real não se orgulha de liderar, assim como um seguidor não pode estar atado a esta liderança.

As empresas que se tornam estáticas não tem capacidade de lidar com os tempos de incerteza e o aumento da complexidade, seja interna ou externa a ela, e os resultados não poderão ser previstos. O compartilhamento de conhecimento diversificado, decidem novos propósitos e estratégias para futuras tomadas de decisão.

Estar no caminho Caórdico também significa cuidar dos juízos de valor ou crenças frequentemente trazidas pelo caos, ordem e controle. Entre o Caos e a Ordem a vida se inova. Existe conexão de ideias e coisas, flexibilidade para conectar soluções aos problemas, e novas lideranças. Neste caminho entre a ordem e o caos, os lideres precisam ter a confiança e coragem de permanecer neste meio incerto buscando emergir novas inteligências coletivas e ações mais precisas para a sobrevivência.

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