Covid-19 e a nova cara do crime no Brasil

O Brasil está enfrentando um problema duplo: a Covid-19 e a criminalidade. A combinação de escassez de ações policiais com foco no combate às drogas traz implicações perigosas para a segurança pública. O problema se agrava em razão da possibilidade de deterioração econômica, com risco alto de graves problemas sociais a médio prazo.

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2020) apontam que, durante as fases iniciais da crise provocada pela COVID-19, alguns tipos de crimes pareciam despencar, principalmente roubo. Isso era explicável: a redução do contato entre os possíveis perpetradores e as vítimas reduziu alguns tipos de crimes violentos, principalmente roubo. Em alguns países historicamente violentos registraram quedas na taxa de homicídios nos primeiros meses da crise. Os dados foram publicados no site Small Wars Journal.

Os decretos dos governadores e prefeitos impondo medidas restritivas e a orientação para as pessoas ficarem em casa e evitarem aglomerações, não impediram a ação de criminosos, principalmente os traficantes de drogas. A combinação de escassez de ações policiais com foco no combate às drogas desencadeou novas ondas de violência, especialmente em países produtores e aqueles que servem de rota, como o Brasil. Como costuma ocorrer durante as crises, o crime organizado também aproveitou a pandemia para expandir seu poder e influência, consolidando seu alcance territorial em um momento de enfraquecimento da presença do Estado.

O crime organizado também se adapta durante a crise provocada pela Covid-19. Alguns grupos estão começando a ter como alvo bancos, empresas e pessoas de alto poder aquisitivo.

Diante de eventuais dificuldades, os grupos criminosos podem recorrer a sequestros, extorsões e esquemas de proteção para manter o fluxo de dinheiro. O mais lucrativo de tudo, entretanto, é o crime cibernético, que afeta a segurança de instituições públicas, empresas e cidadãos, sobretudo neste momento de trabalho remoto.