Análise de Risco (método HAZOP) – Uma Ferramenta Indispensável

Análise de Risco (método HAZOP) – Uma Ferramenta Indispensável

25/06/2014 1 Por André Luiz Padilha Ferreira

Método HAZOP

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O termo HazOp origina-se do inglês “Hazard and Operability Study”. Também conhecido como “Estudo de Perigos e Operabilidade”, o HazOp é uma técnica projetada para identificar perigos que possam gerar acidentes nas diferentes áreas da instalação, além de perdas na produção em razão de descontinuidade operacional…

Esta Análise Preliminar de Riscos (APR), denominada de HAZOP, baseia-se na técnica definida e usada pelos militares nos programas de segurança de seus sistemas. Muitas empresas químicas possuem um método semelhante implantado, talvez com nome diferente.

 

1) Metodologia HAZOP

Esta análise evidenciou-se altamente eficiente em relação ao custo, na fase de desenvolvimento de todos os sistemas militares perigosos, inclusive as plantas de processo. É também possível usar a análise em questão para anteceder outros métodos mais detalhados de identificação de riscos a serem utilizados em outras oportunidades no decorrer da vida útil da planta.

 

“A APR é própria para ser empregada na fase inicial de concepção e desenvolvimento das plantas de processo, na determinação dos riscos que possam existir”

 

A APR é própria para ser empregada na fase inicial de concepção e desenvolvimento das plantas de processo, na determinação dos riscos que possam existir. Ela não exclui a necessidade de outros tipos de avaliações de riscos. Ao contrário, é uma precursora de outras análises. As principais vantagens da APR são: identificação com antecedência e conscientização dos perigos em potencial por parte da equipe de projeto e identificação e/ou desenvolvimento de diretrizes e critérios para a equipe de desenvolvimento do processo seguir. Assim, à medida que o projeto se desenvolve, os perigos principais podem ser eliminados, minimizados ou controlados logo de início.

A APR é realizada mediante a listagem dos perigos associados aos elementos do sistema, como definido no estágio de concepção ou do começo do projeto. Os elementos da planta, que podem ser definidos neste estágio, compreendem:

 

  • Matérias primas, produtos intermediários e finais e sua reatividade;
  • Equipamentos de processo;
  • Interface entre componentes;
  • Ambiente operacional;
  • Operações (teste, manutenção, procedimentos de emergência, etc.);
  • Instalações;
  • Equipamentos de segurança.

 

À medida que cada perigo é identificado, as causas em potencial, os efeitos e a gravidade dos acidentes, bem como as possíveis medidas corretivas e/ou preventivas, são também descritas. E para que o trabalho seja completo, é preciso aproveitar a experiência anterior, proveniente do maior número possível de fontes diferentes. Estas fontes compreendem estudos de riscos de instalações semelhantes, experiência operacional em processos similares e listagem de riscos.

 

2) Tipos de Riscos e os seus Aspectos Gerais

 

De acordo com qualquer metodologia empregada devemos ter em mente que os riscos são divididos de forma ampla e geral em duas classes bem simples:

 

a) Riscos Endógenos:

Riscos que são provenientes da parte interna da empresa/organização, e podem causar grande impacto financeiro quando não devidamente identificado e posteriormente tratado com a medida preventiva ou corretiva mais adequada para a situação ali encontrada.

“Um bom profissional não pode esquecer que os riscos migram de setor para outro, e pode nascer uma nova categoria de risco a qualquer momento, por isso o analista de riscos empresariais e corporativos deve ser sagaz, observador, curioso e principalmente um coletor de informações concretas que possam compor de forma robusta a sua analise de risco”

b) Riscos Exógenos

Riscos que oriundos da parte interna da organização ou empresa, e comumente estão associados aos mais diversos fatores, que vão da fragilidade e nível de corrupitividade da polícia local até a mudança da legislação que trata e regula a atividade fim da sua empresa/organização.

 

3) Classificação dos Riscos

 

Riscos Humanos

Quando existe a participação do ser humano atuando de forma direta ou indireta no processo produtivo, existe a possibilidade de ocorrer falhas voluntárias (corrupção, desvio de atenção entre, descaminho ou contrabando, entre outras que podem ser citadas).

“O que conhecemos como falha humana, nada mais é que: negligência, imprudência ou mesmo imperícia daquela pessoa envolvida direta ou indiretamente em qualquer fase do projeto ou do processo de produção, seja de produtos ou de bens e serviços terceirizados”

O que conhecemos como falha humana, nada mais é que: negligência, imprudência ou mesmo imperícia daquela pessoa envolvida direta ou indiretamente em qualquer fase do projeto ou do processo de produção, seja de produtos ou de bens e serviços terceirizados. Pois o ser humano é elo fraco da corrente. E para que estes fatores sejam constantemente corrigidos, o gestor, técnico de segurança do trabalho, supervisor, inspetor, gerente ou mesmo o diretor deve acionar os mais variados mecanismos de controle para tentar evitar que esta falha latente se manifeste.

 

Riscos Técnicos e/ou Tecnológicos

São os riscos que estão associados à tecnologia que atualmente esta tomando um espaço mais que significativo nas residências e empresas, pois atualmente ninguém vive sem os acessórios tecnológicos. Todo Software tem uma porta de entrada que é vulnerável, e pode ser o ponto de chave para uma entrada não autorizada do seu sistema de informática, por isso os profissionais da área de TI (tecnologia da Informação) devem ficar atentos para esta parte. Mesmo na área de TI tem que realizar a APR e mostrar para a alta gestão, para que receba o devido apoio e atenção no seu cotidiano. A compra de uma tecnologia implica em gastos diretos e indiretos, pois além de comprar, têm que realizar o (s) treinamento (s) para o correto emprego da mesma dentro da sua organização, e nunca se deve centralizar todas as compras em único fornecedor, pois a empresa pode acabar ficando refém da situação.

Uma Política de Segurança da Informação (PSI) define quem pode acessar todas as informações e quem não pode. O uso de pendrive neste tipo de ambiente não é recomendado para os ambientes que tem uma grande quantidade de informações confidenciais, e o uso de gás limpo (FM 200) ou extintores de CO² é recomendado para debelar focos de incêndio.

 

Riscos Incontroláveis

Neste caso em especial, não se pode citar todos os riscos incontroláveis mais serão citados os mais comuns, pois estes tipos de riscos variam de região para região, e de país para país. Em alguns pontos da infra-instrutora local devem ser observados para a correta elaboração de uma APR abrangente e que venha a identificar todos os riscos potenciais que podem paralisar e/ou afetar, ou, mesmo destruir a empresa.

Enchentes e/ou Inundações: verificar se o terreno da empresa está localizado abaixo do nível da rua. Neste caso deve-se adotar mais de uma medida corretiva para sanar o problema, em casos que implicam certa urgência. O gestor deve planejar no seu orçamento a comprar bombas sapo para sucção da água que pode adentra nas dependências da empresa, aliado a criação de barreiras de contenção para reduzir o fluxo de água, bem como a compra de veículos apropriados para o deslocamento dos funcionários. Entre outras medidas (limpeza de bueiros e canais de trafego das águas pluviais) que os colegas engenheiros conhecem com mais propriedade que a minha pessoa.

Queda e/ou Suspensão do Fornecimento da Energia Elétrica: é outro ponto chave em qualquer empresa (hospitais, empresas de produção em série e frigoríficos entre outras) podem ser prejudicados caso a chuva forte seja o causador potencial da suspensão deste serviço prioritário, é mais um item que deve ser analisado seriamente pelo gestor responsável. A compra de gerador portátil ou não pode ser a solução para não ficar a mercê deste tipo de situação que esta ficando mais corriqueira no dia a dia das empresas e do povo em geral. A compra de vários No-Breaks potentes pode ser de grande valia também.

Queda de Raios: todos os equipamentos, máquinas, e instalações prediais devem ser protegidos contra descargas atmosféricas, e para isso, o aterramento de todo o suporte eletroeletrônico é indispensável para minimizar este tipo de problema. Um Engenheiro Elétrico elaborando um projeto deve resolver ou amenizar o problema. A queda de raios também pode causar incêndios nas instalações elétricas do prédio.

 

Riscos Mercadológicos

Mudanças bruscas na legislação também podem afetar significativamente a rotina de empresa, pois, causam transtornos operacionais e contratuais para os clientes, fornecedores de insumos e prestadores de serviços. Entre estes riscos podemos citar o aumento de determinada taxa cobrada pelo governo (ICMS, COFINS entre outras). Outro fator que pesa e onera as atividades comerciais de uma empresa que trabalha com a cotação do dólar, que é flutua, e de uma hora para outra pode encarecer a importação ou exportação de determinado produto.

A posição e as exigências do cliente final de um determinado produto ou serviço prestado pode sofrer abalos sérios se esta relação não for devidamente dosada, essa mensuração deve ser feita de maneira sistemática. Através de pesquisas mercadológicas objetivas e direcionadas a uma determinada parte da população, vão indicar quais rumos devem ser tomados para assegurar a sobrevivência ou a repaginação de um determinado produto que esta sendo ameaçado pelo concorrente direto. Um bom departamento jurídico e comercial com profissionais atentos para o surgimento do menor sinal de perigo é o ideal para que a direção da empresa possa se manter atualizado com o que esta acontecendo no mundo dos negócios.

 

4) Tipo de Metodologia a ser empregada para Análise de Riscos

 

Quando se planeja, deve-se visualizar que pode haver erros que podem travar o andamento do projeto, ou mesmo do processo de controle que pretende instalar. Por isso em alguns aspectos do planejamento alguns custos devem ser levantados, mesmo na hora de proceder a uma analise de risco. Por isso a técnica PDCA é um dos métodos mais conhecidos para a elaboração mais precisa e que pode corrigir algumas falhas que são normais, mais merecem a correção imediata do problema encontrado, conforme modelo abaixo.

 

5) Níveis que podem ser aplicados à Análise Preliminar de Riscos

 

A APR deve ser adotada por todos os níveis de uma empresa, ou a empresa tem no seu quadro funcional um especialista que possa realizar este analise de forma clara e objetiva, de forma geral ou compartimentada (por setor). É desta maneira que todos os níveis da empresa visualizam os riscos potenciais de danos nocivos, e de maneira rápida podem implementar as medidas necessárias para impedir, dissuadir ou mesmo minimizar as consequências dos riscos na sua origem.

Nível Estratégico

Este planejamento geralmente é precedido de uma APR, pois envolve a alta cúpula da administração da empresa, envolve altas somas de dinheiro, prospecção de novos clientes e fatias de mercados, é um planejamento para ser desenvolvido cumprido a longo prazo. No Planejamento Anual da Empresa (PEA) as metas e o cronograma são definidos com a finalidade de envolver e preparar a empresa para um ciclo de crescimento contínuo.

Nível Tático

Nesta esfera de uma empresa geralmente os gerentes planejam as ações a serem aplicadas de forma setorial, envolvendo um grupo menor, onde as implementações têm um efeito mais rápido e o retorno dessas ações também é mais rápido ainda. Por isso, a habilidade gerencial para sanar problemas ou riscos que ainda não foram identificados é fundamental para o sucesso efetivo do planejamento. Os problemas de ordem comportamental tipo: crises de comando, relacionamento interpessoal e instabilidade emocional podem e devem ser previsto na APR. Além dos outros riscos que são mais fáceis de ser identificados ao longo da analise. Por isso é importante à habilidade de Gerenciar Crises por parte do gestor da área acometida.

Nível Operacional

Setor e/ou área operacional, onde tudo de ruim acontece, ou é  que supomos em nossas mentes. Mais é no chão de fabrica (Fayol) que encontramos soluções simples para os grandes problemas.

No setor operacional a dinâmica dos processos é rápida demais, e merece uma APR mais apurada e metódica, pois os erros são identificados de imediato, e se não forem corrigidos de imediato, as operações, produtos e serviços podem sofrer grandes danos.

Os riscos nesta fase são mais latente(s), visível (is) e também mais letal (is) do nunca. Neste o trabalhador está diretamente exposto ao risco da sua atividade laboral. Neste caso a troca de informações para a elaboração de uma APR é fundamental, e o supervisor de área, o trabalhador da função deve ser ouvido, pois o mesmo está lidando cotidianamente com o risco. Exemplos típicos: vigilantes, agentes de conservação e limpeza, porteiros, detonadores de explosivos, eletricitários, entre outros.

 

6) Tipos de Medidas e serem adotadas

 

Preventivas

As medidas preventivas são aplicadas antes que o risco se identificado na APR se materialize no ambiente interno da empresa, antecede o problema, mais não impede que as consequências do risco se alastrem. Os danos são apenas minimizados. Exemplos de Medidas Preventivas: Dialogo Diário de Segurança, Equipamento de Proteção Individual, Normas e Procedimentos Operacionais, Política de Segurança Institucional entre outras denominações.

Corretivas

São as medidas adotadas pós-evento danoso, e podem ser de caráter punitivo ou restritivo, tanto empregados e empresa podem ser penalizados pelos órgãos fiscalizadores. Exemplo: Investigação de acidente.

 

7) Planilha para Análise de Riscos HAZOP

 

Segue abaixo um modelo para efetuação da APR HAZOP, que pode ser empregada em qualquer área, por ser simples e ajustável as mais variadas situações do nosso cotidiano nas empresas que atuam em vários ramos de atividade econômica (CNAE).

 

8) Considerações Finais

 

Um bom profissional não pode esquecer que os riscos migram de setor para outro, e pode nascer uma nova categoria de risco a qualquer momento, por isso o analista de riscos empresariais e corporativos deve ser sagaz, observador, curioso e principalmente um coletor de informações concretas que possam compor de forma robusta a sua analise de risco.

Embasar com fotos e outras provas disponíveis naquele momento, a técnica apurada deve e pode ser o foco de uma boa defesa de tese, principalmente quando se tenta convencer alguém que algo esta errado, e se nada for feito, algo potencialmente danoso à vida e a saúde do trabalhador pode acontecer de fato.

Sem falar nos danos ao patrimônio e ao meio ambiente onde a empresa esta inserida. Neste caso para que no ato apuratório de falhas (sindicância) as

omissões diretas e indiretas serão evidenciadas, e com toda certeza alguém será diretamente responsabilizado pelo fato consumado que tirou a vida de alguém ou lesionou de forma permanente aquela trabalhador.

É para isso que serve a Análise Preliminar de Riscos, para respaldar a empresa, o profissional e o trabalhador. Quem não cumprir com a sua parte sofrerá as consequências de forma amarga.

Para os ilustres autores como Antônio Celso Brasiliano, que nos mostra que matematicamente o “Risco não pode ser eliminado”, e sim, gerenciado ou mitigado.

Seja na área da Segurança Patrimonial Corporativa, Segurança Contra Incêndio, Segurança das Informações, Segurança do Trabalho, Administração, Medicina, entre outras áreas do conhecimento. O conhecimento é a fonte para a mudança e quebras de antigos e novos paradigmas que ainda persistem permanecer devido ao pensamento de alguns gestores praticantes da metodologia: deixa estar, deixa ficar (La Safer). O nosso tempo exige mudanças comportamentais para que tenhamos êxito em nossas missões e possamos colocar a cabeça no travesseiro e com justiça desfrutar “o sono dos justos” e as benesses do fruto de um trabalho bem realizado.

 

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